A angioplastia coronariana é uma modalidade de tratamento que consiste na destruição mecânica de uma placa de gordura (ateroma), por meio da utilização de um cateter com um balão em sua extremidade. Esse balão é inflado sob alta pressão, destruindo a placa de ateroma.
A angioplastia coronariana poderá ser realizada de emergência (como no infarto do miocárdio ou angina instável de alto risco) ou de forma eletiva (programada previamente, como na angina estável ou isquemia miocárdica silenciosa).
Os stents coronarianos são estruturas metálicas que muitas vezes são liberadas por um cateter durante uma angioplastia coronariana. O stent pode ser provido de uma droga (stent farmacológico) ou ser apenas composto por uma estrutura metálica (stent convencional). Essas drogas são substâncias que diminuem substancialmente o risco de uma das complicações da angioplastia coronariana, a reestenose coronariana.
Complicações da angioplastia coronariana e do uso dos stents
Alergias
A angioplastia coronariana é realizada utilizando contraste, podendo acarretar reações alérgicas de gravidade variável. Alergias graves (como o choque anafilático) ocorrem em cerca de 0,1% dos casos de angioplastia coronariana.
Caso você seja alérgico ou já tenha tido uma reação alérgica prévia com uso de contraste, avise o seu médico assistente. Nesses casos o uso de medicamentos antialérgicos antes do procedimento poderá evitar reações alérgicas.
Lesão renal
O contraste da angioplastia coronariana poderá piorar uma disfunção renal prévia, fato comum em pacientes hipertensos crônicos e diabéticos. Ocasionalmente pacientes com disfunção renal podem desenvolver uma insuficiência renal aguda que exigirá a realização de uma diálise.
A hidratação prévia ao procedimento com soro fisiológico poderá evitar uma piora da função renal.
Complicações vasculares
São as mais comuns. Pacientes que serão submetidos a uma angioplastia coronariana estão sob efeito de medicamentos para “afinar o sangue”, como os antiplaquetários (ácido acetilsalicílico, clopidogrel, prasugrel e ticagrelor) e anticoagulantes, como as heparinas. Esses medicamentos associados a punção arterial durante a angioplastia coronariana aumentam os riscos de sangramentos, formações de hematomas e pseudo-aneurismas.
Complicações vasculares que necessitam de cirurgia ocorrem em cerca de 1,5% dos casos de angioplastia coronariana.
Reestenose coronariana
É o estreitamento da artéria causado por um crescimento anormal da parede do vaso (proliferação neointimal) reativo à insuflação do balão sob alta pressão. A reestenose costuma ocorrer dentro de três até seis meses após uma angioplastia coronariana, com pico de incidência no quarto mês.
A utilização dos stents farmacológicos reduziu muito os índices de reestenose (atualmente são inferiores a 5%). Pacientes diabéticos, artérias finas e lesões longas, são mais propensos ao processo de reestenose. Essa complicação pode ser silenciosa ou causar sintomas de angina do peito ou cansaço.
Trombose do stent
É a formação de um coágulo (trombo) devido ao contato do sangue com a estrutura metálica do stent. Esta complicação é mais comum com stents farmacológicos (com droga), pois estes apresentam uma pior epitelização (formação de uma película de tecido entre o stent e o sangue circulante dentro da artéria).
Embora seja uma complicação pouco comum, a trombose do stent apresenta-se na maioria das vezes com quadro de infarto do miocárdio ou morte súbita. A utilização do ácido acetil salicílico e dos inibidores do receptores P2Y12 (clopidogrel, prasugrel e ticagrelor) reduziu muito o risco desse tipo de complicação.
A trombose do stent após o implante de stent farmacológico (com droga) poderá ocorrer principalmente dentro do primeiro ano, embora existam casos descritos após esse período. Com o uso de stents convencionais (sem droga) essa complicação, em geral, ocorre no primeiro mês.
Outras
Reação vaso-vagal severa (queda da pressão arterial acompanhada de palidez e sudorese) em 0,1% , derrame cerebral em 0,1% , infarto do miocárdio em 0,3%, arritmias cardíacas que necessitam de cardioversão em 0,6% dos casos.
Autor: Dr. Tufi Dippe Júnior – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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