O ecocardiograma é um exame que avalia a estrutura e função do coração por meio de ondas ultrassônicas. Durante o exame de ecocardiograma, seja o ecocardiograma transtorácico de repouso ou ecocardiograma de estresse (com esforço físico ou dobutamina), o ventrículo esquerdo é dividido em 17 segmentos.
O ventrículo esquerdo é a principal câmara do coração, responsável pelo bombeamento de sangue para o cérebro e demais órgãos. O ventrículo direito bombeia o sangue para a circulação pulmonar, para que esse seja oxigenado.
O médico que realiza o ecocardiograma poderá observar quatro possibilidades em relação à contração do músculo cardíaco em cada um dos 17 segmentos do ventrículo esquerdo:
– Contração normal ou hipercinética.
-Hipocinesia ou área hipocinética (termos utilizados em laudos de ecocardiograma para descrever um ou mais segmentos cardíacos que contraem pouco, abaixo do normal).
-Acinesia ou área acinética (termos utilizados em laudos de ecocardiograma para descrever um ou mais segmentos cardíacos que não contraem).
-Discinesia ou área discinética (termos utilizados em laudos de ecocardiograma para descrever um ou mais segmentos do coração que, ao invés de contrair normalmente, esse move-se “para fora” durante a sístole ventricular).
Exemplificando:
Uma discinesia do segmento apical da parede anterior indica que essa região do ventrículo esquerdo ao invés de contrair-se, move-se “para fora” durante a sístole ventricular, quando comparada com os demais segmentos que contraem normalmente. Esse achado indica que esse segmento do músculo cardíaco sofreu necrose (morte das células, chamadas de miócitos).
A principal causa para essas anormalidades da contração de certos segmentos do ventrículo esquerdo (déficit contrátil segmentar) é a doença arterial coronariana (obstrução das artérias do coração por placas de gordura ou ateromas, a chamada aterosclerose coronariana). No entanto, outras doenças poderão causar alterações da contração das paredes do coração, como a miocardite e cardiomiopatia induzida por estresse (Tako-Tsubo).
A doença arterial coronariana apresenta manifestações clínicas crônicas, como a isquemia miocárdica silenciosa e angina do peito estável, ou agudas, como a angina do peito instável e infarto agudo do miocárdio. A hipocinesia é mais comumente observada nas manifestações crônicas da doença arterial coronariana, enquanto que a acinesia e discinesia costumam ser observadas após o infarto do miocárdio, o qual causa necrose (morte das células do músculo cardíaco).
O infarto agudo do miocárdio, na maioria das vezes, caracteriza-se por uma obstrução súbita e intensa de uma artéria do coração (chamada de artéria coronária). A sua causa mais comum é a formação de um trombo (coágulo) em uma placa de ateroma, aquilo que chamamos de “acidente da placa de ateroma”.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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