Os achados de um estudo, chamado de Treating to New Targets (TNT), demonstraram que o tratamento com uma droga redutora de colesterol chamada de atorvastatina, em altas doses (80 mg/dia), pode melhorar o risco de complicações cardiovasculares em pacientes submetidos à revascularização miocárdica cirúrgica (cirurgia de ponte de safena).
Os achados do estudo demonstraram que a frequência de complicações maiores após a cirurgia, como o infarto do miocárdio e morte, diminui em 27%, assim como a necessidade de refazer a cirurgia, a qual diminuiu em 30%.
Esta análise incluiu cerca de 4.654 pacientes com antecedentes de cirurgia de ponte de safena que receberam atorvastatina em baixas ou altas doses e que foram acompanhados por uma média de 4,9 anos, sob coordenação do Dr. Sanjiv J. Shah (San Francisco General Hospital, Estados Unidos).
Ao final do estudo, os níveis médios do colesterol LDL (colesterol “ruim”) foram de 101 mg/dL e 79 mg/dL, respectivamente nos grupos de baixa e alta dosagem. Os índices de eventos cardiovasculares maiores foram de 13,0% e 9,7%, respectivamente.
A administração da atorvastatina com dose de 80 mg/dia, em comparação à dose de 10 mg/dia, foi associada também a um menor índice de repetição de revascularização miocárdica cirúrgica ou por angioplastia coronariana: 11,3% versus 15,9% .
Os autores ponderam que esta é uma população de pacientes de alto risco, que tende a ser tratada inadequadamente com terapia de redução de colesterol. A abordagem com atorvastatina em dose de 80 mg/dia pode ser um bom padrão de tratamento com o objetivo de reduzir complicações cardiovasculares, prolongando os resultados da cirurgia de ponte de safena.
Fonte: JACC.
Comentário do editor:
Pacientes que já foram revascularizados por meio de angioplastia coronariana ou cirurgia de revascularização miocárdica, conhecida popularmente como cirurgia de ponte de safena, devem manter seu LDL-colesterol (“colesterol ruim”) abaixo de 50 mg/dl.
Para tal dispomos de estatinas em altas doses (atorvastatina 80 mg ou rosuvastatina 20-40mg) com ou sem ezetimiba, a associação de sinvastatina de 40 mg com ezetimiba de 10 mg e, ainda, a possibilidade de associação das estatinas com os inibidores da PCSK9, como o alirocumabe e evolocumabe.
“O Portal do Coração adverte: nunca inicie, troque ou interrompa uma medicação de uso contínuo sem a orientação de um médico.”
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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