O peptídeo natriurético tipo B (BNP) é um hormônio secretado pelos ventrículos, câmaras cardíacas maiores e inferiores do coração, em resposta ao aumento das pressões de enchimento, ou seja, o momento em que o coração enche-se de sangue, para depois ejetá-lo para fora.
O peptídeo natriurético tipo B é utilizado para o diagnóstico e avaliação da gravidade da insuficiência cardíaca (coração fraco).
Na prática, a principal indicação para a solicitação do peptídeo natriurético tipo B é a avaliação dos pacientes com dispneia (falta de ar), quando não sabemos se a causa é cardíaca (nesse caso o peptídeo natriurético tipo B estará elevado) ou não.
O peptídeo natriurético tipo B é influenciados por idade, gênero, peso, função do ventrículo, níveis de hemoglobina e função renal.
A concentração plasmática do peptídeo natriurético tipo B pode servir na avaliação inicial da suspeita de insuficiência cardíaca, especialmente quando o ecocardiograma (exame de ultrassom que avalia se o coração tem alguma disfunção) não está disponível imediatamente.
Valores de referência
O ponto de corte dos valores de normalidade do peptídeo natriurético tipo B dependem se a insuficiência cardíaca é crônica ou aguda. Para o diagnóstico de insuficiência cardíaca crônica, o ponto de corte do peptídeo natriurético tipo B é maior que 35 pg/mL.
Na insuficiência cardíaca aguda descompensada os seguintes valores devem ser utilizados:
-Peptídeo natriurético tipo B maior que 400 pg/ml indica fortemente insuficiência cardíaca.
-Peptídeo natriurético tipo B entre 100 e 400 pg/ml não afasta insuficiência cardíaca.
-Peptídeo natriurético tipo B menor que 100 pg/ml sugere outra causa para a falta de ar que não seja a insuficiência cardíaca.
Os valores e pontos de corte diagnósticos aplicam-se de forma semelhante aos dois tipos de insuficiência cardíaca (com fração de ejeção reduzida ou preservada no ecocardiograma), embora, em geral, sejam menores na modalidade com fração de ejeção reduzida.
Outras causas de elevação do peptídeo natriurético tipo B que não seja a insuficiência cardíaca
Embolia pulmonar, cardioversão elétrica, hipertensão pulmonar, síndrome coronária aguda, arritmias, cirurgia cardíaca, hemorragia cerebral, doença hepática avançada, sepse, tireotoxicose, insuficiência renal, doença pulmonar crônica, anemia e cetoacidose diabética.
A pericardite constritiva crônica (doença crônica do pericárdio) pode levar à insuficiência cardíaca, mas não costuma elevar o peptídeo natriurético tipo B.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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