O consumo de creatina por atletas e praticantes de atividade física, principalmente aqueles que são adeptos aos exercícios resistidos (musculação), visando o ganho de massa e definição muscular, tem crescido vertiginosamente.
Os efeitos adversos desses suplementos continuam sendo alvo de calorosos debates científicos, sobretudo no que se refere à função renal, pois sabemos que em doenças renais, a sobrecarga de proteínas pode levar a uma piora dessas doenças.
Relatos de estudos de casos sugerem que a creatina é um potencial agente tóxico para os rins. Em contrapartida, estudos longitudinais, embora possuam diversas limitações, não confirmam esse achado. Pesquisas com humanos não demonstram efeitos maléficos da suplementação de creatina em relação à função renal, porém a falta de controle experimental e o caráter retrospectivo da maioria delas comprometem as conclusões dos autores.
Já os estudos experimentais com ratos empregam bons marcadores de função renal e ocasionaram a resultados contraditórios. Estudos futuros devem investigar os efeitos da suplementação de creatina em diversas doenças renais, assim como em idosos, diabéticos do tipo 2 e hipertensos, cuja propensão à disfunção renal é bem descrita. Nesse grupo de indivíduos, a suplementação de creatina deve seguir sempre uma orientação médica ou ser evitada.
Não há evidências de que a suplementação de creatina prejudique a função renal em sujeitos sabidamente saudáveis, quando consumida nas dosagens preconizadas. Diante disso, questiona-se a legitimidade científica de tentar proibir o comércio de creatina no Brasil.
Fonte: Revista Brasileira de Medicina do Esporte.
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