Estudos demonstraram que pacientes deprimidos possuem um risco 3 vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares, quando comparados à população geral. A Associação Americana do Coração (American Heart Association) recomenda que a depressão seja considerada um fator de risco para a doença arterial coronariana.
A doença arterial coronariana é caracterizada pela obstrução das artérias do coração por placas de gordura (ateromas). Esse processo é chamado de aterosclerose coronariana.
Lembramos que os pacientes que sofrem um evento cardiovascular, como o acidente vascular cerebral (derrame cerebral) ou infarto do miocárdio (ataque cardíaco), possuem um risco aumentado de desenvolver depressão como consequência dessas doenças.
A limitação provocada pela doença cardiovascular, além da predisposição individual, poderiam explicar o aparecimento do quadro depressivo. Em resumo, a depressão pode causar uma doença cardiovascular ou ser uma consequência dessa doença.
Quando suspeitar de depressão?
O diagnóstico de depressão é feito com a presença de pelo menos cinco entre os nove critérios diagnósticos da doença. Os sintomas devem persistir por pelo menos duas semanas, e um deles deve ser obrigatoriamente humor deprimido ou perda de interesse/prazer (anedonia).
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (por exemplo, sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (por exemplo, parece choroso). Nota: em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou observação).
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (por exemplo, mudança de mais de 5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. Nota: em crianças, considerar o insucesso em obter o peso esperado.
4. Insônia ou hipersonia (sono excessivo) quase diária.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias.
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias.
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
Comentário do autor:
O estudo INTERHEART foi desenvolvido para avaliar a importância dos fatores de risco para o infarto do miocárdio ao redor do mundo. Foram 262 centros em 52 países de 5 continentes.
Pacientes com infarto do miocárdio admitidos nas primeiras 24 horas foram comparados com outros pacientes (hospitalares e comunitários), chamado de grupo controle.
Nesta avaliação, nove fatores de risco explicaram mais de 90% do risco para o infarto do miocárdio. De modo surpreendente, o tabagismo e a dislipidemia (anormalidades do colesterol), compreenderam mais de dois terços deste risco.
Fatores psicossociais (incluindo a depressão), obesidade central, diabete melito e hipertensão arterial, também foram significativamente associados, embora com algumas diferenças relativas nas diferentes regiões do mundo estudadas.
A dieta rica em frutas, verduras e legumes, além da prática regular de exercícios físicos, foram significativos fatores de proteção contra a doença.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr. – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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