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Síndrome do  excesso de treinamento (Overtraining Syndrome)
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Síndrome do excesso de treinamento (Overtraining Syndrome) 

Na literatura médica, encontram-se diversos significados para a síndrome (conjunto de sinais e sintomas) do  excesso de treinamento (Overtraining Syndrome) que são geralmente associados ao treinamento de sobrecarga.

O treinamento de sobrecarga refere-se ao treinamento duro, durante alguns dias, seguido de um curto período  de descanso que é essencial nesse caso. Uma resposta fisiológica corporal é desencadeada após um treinamento  intenso, para que a capacidade de desempenho desportivo possa ser melhorada. Esse processo é chamado de supercompensação.

Muitos dias de treinamento intencionalmente pesado são seguidos por alguns dias de treinamento mais leve e descanso  para que se consiga atingir a supercompensação e o ápice do desempenho. É essencial que se reconheça o tempo necessário para a supercompensação. Se um atleta ainda não se adaptou antes que um novo estímulo seja dado, um desequilíbrio progressivo e maior ocorrerá.

O resultado disso é o overreaching, que é um conjunto de sintomas transitórios, sinais e mudanças que aparecem durante um treinamento pesado e são diagnosticados através de testes.

Tanto o overreaching como a síndrome do excesso de treinamento cursam com diminuição do desempenho físico, sinais e sintomas semelhantes, porém a diferença entre eles refere-se ao tempo de recuperação.

No overreaching duas a três semanas podem restabelecer o equilíbrio de desempenho esportivo do atleta; já na síndrome do excesso de treinamento, este processo pode durar meses ou até anos.

A síndrome do excesso de treinamento afeta uma considerável porcentagem de indivíduos envolvidos em programas  de treinamento intensivo. Estima-se em 7% a 20% por temporada a sua incidência em atletas. Ela é definida como um distúrbio neuroendócrino (hipotálamo-hipofisário) que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a capacidade funcional, podendo ser agravado por uma inadequada recuperação, acarretando  decréscimo no desempenho desportivo e atlético, incidência de contusões, mudanças neuroendócrinas e imunológicas,  alterações no estado de humor, fadiga constante, dentre outros sintomas.

Atletas em todos os níveis de desempenho podem desenvolver essa síndrome e um relevante número de sinais e sintomas  tem sido associado à mesma. Fry e seus colaboradores listaram mais de 200 em sua revisão sobre overtraining em 1991. Porém, apesar dessa extensa lista, ainda não existem critérios diagnósticos bem estabelecidos para essa síndrome.

O único tratamento efetivo é o repouso prolongado, o qual impossibilita a participação dos atletas em competições,  podendo levar a uma perda de motivação e até mesmo ao abandono do esporte. Assim a melhor maneira de se evitar a  manifestação da síndrome é a prevenção. Como ainda não existem marcadores fisiológicos ou biológicos objetivos  que permitam um diagnóstico precoce do quadro, o uso de instrumentos que possibilitam medidas de estados de humor  tem demonstrado eficácia na detecção de sinais iniciais da síndrome do excesso de treinamento, prevenindo seu desenvolvimento completo e evitando um período de inatividade.

São considerados indivíduos altamente suscetíveis ao desenvolvimento do quadro

– Atletas muito motivados;

– Atletas de alto rendimento;

-Atletas que retornam precocemente aos treinos, antes de estarem completamente recuperados;

– Atletas e não atletas que treinam por conta própria;

-Indivíduos com orientação técnica não qualificada.

Tipos de síndrome do excesso de treinamento (Overtraining Syndrome)

– Overtraining tipo simpaticotônico:

Esta forma de overtraining é fácil de diagnosticar, pois o atleta sente-se doente e existe um grande número de sinais e sintomas indicadores como: anorexia, perda de peso corporal, sudorese, dores de cabeça, falta de energia, aumento de frequência cardíaca basal e da pressão arterial, irritabilidade, insônia, inapetência, dificuldade de concentração, arritmias, aumento da resposta aguda das catecolaminas, adrenalina e noradrenalina, etc.

Trata-se de uma resposta prolongada ao estresse, precedendo a exaustão, que acomete atletas mais jovens de esportes anaeróbios que envolvem velocidade, força e potência. Quantidades excessivas de treinamento, ansiedade e acúmulo de competições com intervalos insuficientes de recuperação são geralmente mencionados como fatores causadores de overtraining simpaticotônico. A ansiedade de ter que produzir esforços máximos no treinamento todo dia e competir em um grande número de eventos pode ser emocionalmente estressante, particularmente se o atleta é muito ansioso.

– Overtraining tipo parassimpaticotônico:

A síndrome de origem parassimpaticotônica é caracterizada pela predominância de processos de inibição, fraqueza física e falta de atividade motora. O atleta pode dizer que não se sente cansado, mas não se encontra em condições de mobilizar energia necessária para participar de um evento esportivo. O atleta em repouso pode não apresentar sintoma algum, mas os mesmos podem sobrevir furtiva e inesperadamente.

Ocorrem também manifestações de ordem depressiva e neurohormonais, apatia e baixa frequência cardíaca de repouso. Esse tipo afeta atletas altamente treinados em esportes aeróbios como triatlon, natação de longa distância, maratona e ciclismo de estrada e é mais comum em indivíduos mais velhos, com maior tempo de vida desportiva.

Exames diagnósticos

Várias alterações fisiológicas que ocorrem na síndrome do excesso de treinamento têm sido descritas, porém, nenhuma delas, até o momento foi considerada isoladamente confiável a ponto de ser aceita como teste diagnóstico. Algumas delas são: diminuição da freqüência cardíaca máxima durante um teste de esforço, alterações nas concentrações de lactato em esforço máximo ou seu limiar, redução da excreção noturna de noradrenalina, aumento do cortisol sanguíneo (ação catabólica), diminuição do hormônio testosterona (ação anabólica) e alterações nos níveis de creatinoquinase (enzima muscular) e ureia (prova de função renal) no sangue.

Fonte: Revista Brasileira de Medicina do Esporte.

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