Uma nova análise do estudo JUPITER (the Justification for Use of Statins in Prevention: An Intervention Trial Evaluating) mostrou o benefício da rosuvastatina (Crestor) em pacientes com colesterol ainda em níveis considerados normais, porém com a elevação de uma prova de atividade inflamatória, a chamada proteína C reativa ultra sensível (PCR US). A rosuvastatina foi a última estatina – grupo de drogas redutoras de colesterol- disponibilizada para o uso médico em nosso país.
Os resultados do estudo JUPITER foram apresentados no American Stroke Association International Stroke Conference (2009). O LDL colesterol (“colesterol ruim”) não é considerado um fator de risco fundamental para o desenvolvimento do derrame cerebral. No entanto, em pacientes com doença cardiovascular prévia ou diabete melito, o uso das estatinas reduz o risco de um derrame cerebral entre 19% e 48%.
A PCR US elevada, é um fator de risco independente para a ocorrência de um derrame cerebral, sendo que os seus níveis podem ser reduzidos com o uso das estatinas. A PCR US é um preditor, melhor, de risco para o derrame cerebral, do que as anormalidades das gorduras no sangue, como tem sido observado em estudos realizados em diversas populações.
O estudo JUPITER avaliou 17.802 homens e mulheres que receberam um comprimido de 20 mg de rosuvastatina ou um comprimido de placebo (sem ação terapêutica) ao dia. A hipótese dos pesquisadores do estudo JUPITER era que, em indivíduos saudáveis e com LDL colesterol (“colesterol ruim”) ainda considerado normal (abaixo de 130mg/dl), mas com PCR US elevada (acima de 3,0mg/L), haveria uma redução dos eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio, derrame cerebral, hospitalização por angina instável, necessidade de revascularização (através de angioplastia ou cirurgia) ou morte cardiovascular.
Entre os indivíduos tratados com a rosuvastatina, o LDL colesterol médio foi reduzido de 108 mg/dL para 55 mg/dL após 12 meses de estudo. Os níveis médios da PCR US reduziram-se de 4.2 mg/L para algo em torno de 2.2 mg/L. Os autores do estudo observaram uma redução no risco relativo de infarto não-fatal em 55% e de derrame cerebral não-fatal em 48%.
Fonte: The JUPITER trial (International Stroke Conference -2009).
Texto revisado por Nícia Padilha.
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