O coagulograma completo engloba uma série de provas que avaliam o sistema de coagulação do sangue, como o tempo de sangramento (TS), tempo de ativação da protrombina (TAP), tempo de ativação parcial da tromboplastina (TTPA ou KPTT), tempo de coagulação (TC) e a contagem das plaquetas . Estas últimas são elementos do sangue que atuam na formação dos trombos plaquetários.
Em cardiologia a avaliação pré-operatória é uma das principais indicações para a solicitação de um coagulograma completo. No entanto, o mais comum é que sejam solicitados algumas provas específicas do coagulograma, como o TAP com RNI (relação normalizada internacional) para monitorar os anticoagulantes orais (como a femcoprumona e varfarina, conhecidos como marcoumar e marevan) ou o TTPA (também chamado de KPTT) para monitorar a ação da heparina não-fracionada (liquemine), usada em pacientes internados. Atualmente dispomos de anticiagulantes diretos, que não atuam inibindo a síntese da vitamina K, como a apixabana, dabigatrana e rivaroxabana. Esses medicamentos não exigem a realização do tempo de ativação da protrombina (TAP) e a relação normalizada internacional (RNI) de forma periódica.
TAP com RNI
O tempo de ativação da protrombina (TAP) e a relação normalizada internacional (RNI) são solicitados de uma forma periódica para pacientes que usam anticoagulantes que inibem os fatores de coagulação dependentes da vitamina K , como nos casos de fibrilação atrial (uma arritmia que pode levar à formação de coágulos dentro do coração), após trombose venosa e/ou tromboembolismo pulmonar (embolia pulmonar) e em portadores de válvulas cardíacas artificiais (próteses metálicas mitral e aórtica).
Em alguns casos, após infarto do miocárdio extenso ou insuficiência cardíaca grave (coração fraco) pode haver a formação de coágulos dentro do coração. Nestas situações também está indicado o uso de anticoagulantes orais, que são medicamentos que inibem a síntese da vitamina K, que é essencial para a formação de alguns elementos da coagulação. Por isso, esses medicamentos inibem o processo da coagulação.
A relação normalizada internacional (RNI) é um exame que visa padronizar os resultados do TAP, pois pode haver variações inerentes ao método e ao reagente utilizado neste exame último exame. O valor normal do TAP costuma ser de 85 a 100%. Os valores de RNI ideais , variam de acordo com a situação (por exemplo: na fibrilação atrial recomenda-se valores entre 2,0 e 3,0; nos pacientes com fibrilação atrial e uma prótese metálica na posição mitral, valores maiores de RNI, entre 3,5 e 4,0, poderão ser necessários).
O ideal é que os valores não sejam inferiores ao desejado (pois não afinam o sangue como seria necessário para o casos) mas também não devem ser superiores (pois predispõem aos sangramentos). Pacientes que fazem uso de anticoagulantes orais , devem fazer o exame de TAP com RNI de forma periódica (o ideal é que seja pelo menos mensal).
Atualmente existem kits que permitem que este exame seja feito em casa . Uma vez que o resultado do RNI esteja dentro do desejado, não é necessário mudar a dose do anticoagulante . Valores abaixo ou acima do ideal exigem um aumento ou redução da dose que está sendo usada do anticoagulante.
Os valores de TAP podem se elevar nas seguintes situações (além do uso dos antiocoagulantes): deficiência da vitamina K (em casos de anorexia, má absorção intestinal, destruição da flora bacteriana intestinal por antibióticos , etc.), insuficiência hepática (falência do fígado), elevações graves do colesterol, doenças da coagulação, entre outras situações.
Os valores de TAP podem estar reduzidos com o uso de drogas de inibem os anticoagulantes (antiácidos , corticoesteróides, digoxina e diuréticos) ou em pacientes com uma dieta rica em vitamina K.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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