A síndrome (conjunto de sinais e sintomas) metabólica é um transtorno complexo caracterizado por um agrupamento de fatores de risco cardiovasculares, relacionados com resistência à ação da insulina (hormônio que permite a entrada do açúcar na célula) e obesidade central (acúmulo de gordura na parte superior do corpo e no interior da cavidade abdominal).
Diagnóstico da síndrome metabólica
A síndrome metabólica é uma doença típica do homem moderno que ingere mais calorias do que necessita, além de fazer pouca atividade física. É importante assinalar a associação da síndrome metabólica com doença cardiovascular, aumentando o risco de morte por doença cardiovascular em 2 a 3 vezes. A International Diabetes Federation sugere os seguintes critérios para o diagnóstico da síndrome metabólica (devem estar presentes pelo menos 3 dos 5 critérios abaixo):
– Obesidade central (critério obrigatório): avaliada pela circunferência abdominal, cujo limite varia conforme a etnia. Assim, para europeus uma medida da circunferência abdominal com valores maiores que 94 cm para homens e 80 cm para mulheres (valores a serem adotados no Brasil), para asiáticos 90 e 80 cm, e para japoneses 85 e 90 cm.
– Triglicerídeos elevados : valores maiores que 150 mg/dL ou estar em tratamento específico para excesso de triglicerídeos.
– HDL-colesterol (“bom” colesterol”) baixo: menor que 40 mg/dL em homens e menor que 50 mg/dL em mulheres ou estar em tratamento específico para baixos níveis de HDL-colesterol.
– Pressão arterial elevada: maior que 130/85 mmHg ou estar em tratamento de hipertensão arterial diagnosticada previamente.
– Glicemia de jejum elevada : maior que 99 mg/dL ou diabete melito do tipo 2 diagnosticado previamente.
A presença de síndrome metabólica agrava o quadro de hipertensão arterial em mulheres
Segundo recente estudo, publicado por pesquisadores italianos, a presença de síndrome metabólica afeta negativamente o perfil de risco cardiovascular e a resposta ao tratamento em mulheres hipertensas na pós-menopausa.
Este estudo incluiu 350 mulheres hipertensas na pós-menopausa (com idade média de 55 anos). Dessas, 180 apresentavam síndrome metabólica e 170 não apresentavam os critérios diagnósticos para a síndrome.
Obviamente mulheres com síndrome metabólica tinham uma circunferência abdominal e um índice de massa corporal maiores e, ainda, concentrações de glicose e triglicerídeos no sangue mais elevadas.
Elas também exibiam concentração significativamente mais elevada de proteína C reativa de alta sensibilidade (marcador de atividade inflamatória, associada a um aumento do risco cardiovascular) e maior massa muscular do ventrículo esquerdo (hipertrofia ventricular). Este último achado também confere uma maior gravidade e uma pior evolução para o quadro da hipertensão arterial. Além disso, as hipertensas com síndrome metabólica eram menos responsivas ao tratamento com medicamentos anti-hipertensivos.
Fonte: Hypertension.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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