Em um artigo divulgado no site da Sociedade Brasileira de Infectologia, o Dr. Dráuzio Varella enumera os benefícios da circuncisão em relação às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), em especial, a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
A circuncisão é arma de grande valor no combate à Aids. As primeiras evidências surgiram nos anos 80, quando alguns médicos observaram que a prevalência da infecção pelo HIV na Ásia e África parecia mais baixa, em regiões nas quais homens eram circuncisados por imposição religiosa.
Vários estudos realizados nos anos seguintes obtiveram resultados contraditórios, até que em 2002, Bertram Auvert, da Universidade de Versalhes, realizou o primeiro trabalho criterioso para comparar a prevalência do HIV entre homens submetidos ou não à circuncisão, em Orange Farm, na África do Sul, comunidade com grande número de casos de Aids.Depois de 12 meses, o comitê de segurança do estudo decidiu interromper o acompanhamento e oferecer circuncisão para todos os participantes. Os dados eram indiscutíveis: 60% de proteção entre os homens heterossexuais operados.Desde essa data, mais dois ensaios clínicos foram efetuados: um no Quênia, outro em Uganda. Ambos foram interrompidos por causa dos resultados francamente favoráveis à circuncisão.
Hoje ninguém mais discute: em homens heterossexuais, ela reduz em 50% a 60% os índices de transmissão do HIV. Os epidemiologistas calculam que 3 milhões de vidas poderiam ser salvas, apenas na região abaixo do deserto do Saara, caso esse procedimento cirúrgico fosse colocado à disposição.
Além da proteção contra o HIV, homens circuncisados apresentam menos infecções pelos papilomavírus, pelo treponema da sífilis e pelos vírus do herpes genital.Os mecanismos por meio dos quais a circuncisão protege são mal conhecidos. Provavelmente, a pele que recobre a glande cria um espaço que funciona como reservatório para o HIV (e outros germes) e assegura contato prolongado do vírus com as mucosas, facilitando seu acesso à corrente sanguínea.
Fonte:Sociedade Brasileira de Infectologia(2009).
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