CHICAGO. Uma árvore genealógica restrita, com poucas tias e irmãs mais velhas, pode esconder uma trilha genética mortal para o câncer de mama. Casos que parecem surgidos do nada têm, na realidade, relação com os genes herdados do pai.
De acordo com Jeffrey Weitzel, do Centro de Terapia do Câncer Cidade da Esperança, nos Estados Unidos, o sistema de saúde falha em oferecer a centenas de mulheres testes que identifiquem sua propensão à doença. Os exames podem custar até R$ 6 mil.
– O interessante é que se trata da contribuição do pai – pontuou Weitzel. – Metade dos casos de câncer de mama são herdados do pai da mulher, e não de sua mãe. Mas, caso o pai não tenha irmãs com a doença, o gene defeituoso pode passar despercebido pelas gerações.
Embora homens possam ter câncer de mama por fatores genéticos, não é comum. Weitzel revela que os médicos freqüentemente subestimam o risco genético do lado paterno da família.
A pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association investigou amostras genéticas de 306 mulheres diagnosticadas com câncer antes dos 50 anos. Nenhuma das participantes tinha uma história familiar com câncer de mama ou ovário.
Entre as mulheres pesquisadas com número suficiente de parentes do sexo feminino, 5% apresentavam a mutação do gene BRCA. Entre aquelas com poucas tias e irmãs com mais de 45 anos – idade provável de aparecimento do câncer do mama – quase 14% tinham as mutações BRCA1 ou BRCA2. Os números sugerem que as mulheres não estavam conscientes de seu risco para a doença.
Foi considerado como um número pequeno de parentes a paciente cuja família tinha menos de duas mulheres tanto do lado do pai como do lado da mãe.
– Mulheres adotadas e que desconhecem seu histórico familiar devem ficar atentas a essa descoberta – acrescentou Weitzel. – Mulheres cujas parentes morreram jovens, antes da idade em que a doença tende a surgir, também.
Para Noah Kauff, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, nos EUA, quando uma mulher é diagnosticada com câncer de mama antes dos 50 anos, deve realizar um teste genético. Essa informação as ajudará a decidir pela retirada do ovário ou da mama não-afetada para evitar recidivas da doença.
– O estudo permite que profissionais de saúde e paciente argumentem com seus seguro-saúde pelo teste genético, mesmo sem um histórico familiar reconhecido – observou Kauff.
Testar um número maior de mulheres custará mais dinheiro ao sistema de saúde, mas prevenirá muitos casos da doença, completou Weitzel.
Fonte: Jornal do Brasil – http://www.jb.com.br/
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