A proteína C reativa , é um marcador de atividade inflamatória. Exitem duas formas de PCR : a PCR normal e a PCR ultra sensível. Estudos têm demonstrado a presença da PCR ultrasensível nos tecidos inflamados , nas artérias com aterosclerose ( com placas de gordura ou ateromas em sua parede ) e no músculo cardíaco ( miocárdio ) infartado.
A PCR ultra sensível também desempenha papel que favorece a coagulação do sangue. Pacientes com infarto do miocárdio , que apresentam níveis mais elevados de PCR ultra sensível , apresentam uma maior extensão da área de necrose miocárdica ( maior quantidade de células mortas do músculo cardíaco ).
Níveis mais elevados de PCR ultra sensível , na ausência de outras doenças inflamatórias que possam aumentar seus níveis , correlacionam-se com maior extensão da aterosclerose nas artérias. A PCR ultra sensível é considerada elevada , quando está acima de 3 mg/L , na ausência de outras doenças inflamatórias . Para evitar resultados falsamente elevados , quando houverem processos infecciosos ou inflamatórios agudos , a dosagem da PCR ultra sensível deverá ser evitada.
A diretriz de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia ( 2007 ) , considera a PCR ultra sensível elevada com um fator agravante de risco cardiovascular. Indivíduos , por exemplo , de médio risco pelo escore de Framingham , se apresentarem níveis elevados de PCR ultra sensível , passam a ser considerados de alto risco.
Um recente estudo italiano mostrou, pela primeira vez, que o consumo moderado de chocolate preto pode reduzir significativamente os níveis da PCR ultrasensível. Cerca de 4.849 indivíduos saudáveis, sem fatores de risco para a aterosclerose , foram avaliados . Os pesquisadores identificaram 1.317 indivíduos sem o hábito de consumo de chocolate e 824 com consumo regular de chocolate escuro. Em seguida, os pesquisadores relacionaram as concentrações do sangue da PCR ultrasensível desses indivíduos , ao consumo habitual de chocolate dos mesmos.
Após o ajuste por sexo, idade, classe social, atividade física, pressão arterial, índice de massa corporal (IMC), relação cintura/quadril ( que identifica a obesidade central ) , grupos alimentares e consumo total de calorias , o consumo de chocolate preto foi inversamente associado à concentração da PCR ultrasensível .
A redução média dos níveis da PCR ultrasensível dos consumidores de chocolate , foi de 17% . Esta porcentagem pode parecer discreta, mas é o suficiente para reduzir o risco de doenças cardiovasculares em um terço entre as mulheres e em um quarto entre os homens. No entanto, os pesquisadores observaram uma curva em J entre o consumo de chocolate preto e as concentrações da PCR ultrasensível : aqueles com consumo de até 20 g a cada 3 dias apresentavam concentrações séricas de PCR significativamente mais baixas em comparação àqueles com consumo nulo ou àqueles com consumo de quantidades maiores.
Essa quantidade moderada, corresponde a um quadrado pequeno de chocolate duas ou três vezes por semana. Os indivíduos com um consumo acima dessa quantidade , apresentam uma tendência de redução do benefício. Se o consumo é excessivo, o fator protetor desaparece, da mesma forma como ocorre em relação ao consumo de vinho.
Talvez o consumo excessivo de chocolate aumente a concentração de gorduras no sangue , com um efeito negativo para o metabolismo , superando os efeitos antioxidantes benéficos , oriundos da semente do cacau , rica em flavanóides . O presente estudo apóia trabalhos prévios , que mostraram que o consumo de quantidades moderadas de chocolate preto parece ter um efeito benéfico sobre a pressão arterial e acrescenta novas considerações sobre a relação entre alimentos ricos em flavonóides ( antioxidantes ), inflamação e proteção cardiovascular.
Os autores concluem que , ainda são necessários estudos adicionais para explicar os mecanismos que associam o consumo de chocolate escuro à regulação das concentrações séricas da PCR ultrasensível.
Fonte: Jour Nutr ( 2008 ).
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