Os últimos dois anos foram muito difícieis. Tivemos o aparecimento de uma doença infecciosa terrível, a Covid 19, que causou muito sofrimento, mortes, severas restrições sociais e recessão econômica.
É notável que o nível de estresse e ansiedade está mais elevado entre as pessoas. Costumo dizer que observamos “uma epidemia de ansiedade patológica em meio a pandemia”.
Em virtude disso, o aparecimento de sintomas psicossomáticos passa a ser algo muito frequente. Dor no peito, falta de ar, palpitações e, até elevação da pressão arterial, podem ser causados pela ansiedade patológica.
Mas como diferenciar sintomas de ansiedade daqueles causados por doenças cardíacas?
Para atribuirmos os sintomas exclusivamente à ansiedade, precisamos excluir alguma causa orgânica para os mesmos.
Os sintomas de ansiedade costumam ser diferentes daqueles observados nas doenças cardíacas. Por exemplo: o indivíduo ansioso sente falta de ar ao repouso (muitas vezes na cama, deitado), ao invés do sintoma ocorrer aos esforços físicos, como é característico das cardiopatias.
Insônia ou sono excessivo, perda ou ganho de peso, falta de ânimo e energia, dificuldade de memória e concentração, entre outros, são sintomas que, quando presentes, podem nos direcionar para quadros de origem psíquica.
A ausência de alterações do exame físico e fatores de risco tradicionais para as doenças cardíacas (como idade avançada, tabagismo, hipertensão arterial, diabete melito, etc.), fortalecem a possibilidade de origem psíquica para os sintomas.
Por fim, exames complementares sem alterações (eletrocardiograma, teste de esforço, ecocardiograma, entre outros) podem ser suficientes para afastar doença cardíaca.
Devemos salientar que as duas coisas podem coexistir: uma doença cardíaca associada ao transtorno psíquico. Algumas vezes, um determinado paciente que nos procura por apresentar sintomas relacionados à ansiedade, acaba sendo dignosticado de alguma cardiopatia até então desconhecida por ele.
Além disso, sabemos que farores psicossociais aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio, conhecido popularmente como ataque cardíaco, que é a principal causa de morte na população.
A recomendação final é a seguinte: está sentido algo diferente? Procure uma orientação médica. Apenas o seu médico ser´á capaz de avaliar a gravidade daquilo que você sente.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr. Cardiologista de Curitiba -CRM/PR 13700.
Artigos relacionados
Veja também
Medicamentos para emagrecer são seguros para o coração?
Atualmente temos alguns medicamentos aprovados pela ANVISA para tratar a obesidade no Brasil, como o Orlistat, Sibutramina, Liraglutida e Semaglutida. Orlistat (Lipiblock, Xenical) 1- Atua inibindo a absorção de parte da gordura dos alimentos. 2- Não apresenta efeitos sobre o sistema cardiovascular, logo, pode ser…
Alteração difusa da repolarização ventricular (ADRV)
O termo alteração difusa de repolarização ventricular é utilizado em laudos de eletrocardiograma (ECG) para descrever alterações do segmento ST do ECG, como ausência, achatamento ou inversões assimétricas das ondas T. Alguns médicos podem empregar a abreviatura ADRV. A onda T é um dos elementos…
Benefícios do controle da pressão arterial
O controle adequado da pressão arterial (PA) é uma medida vital para preservar a saúde cardiovascular e evitar complicações sérias. Primeiramente, manter a PA dentro dos limites normais reduz significativamente o risco de doenças cardiovasculares, incluindo acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e ataques cardíacos. Quando a…
Você sabe o que é a miocardiopatia não compactada?
A miocardiopatia não compactada (MNC), também conhecida como miocárdio não compactado, é uma condição rara do músculo cardíaco que afeta a estrutura do ventrículo esquerdo (VE). O VE é a principal das quatro câmaras do coração. Ela bombeia o sangue oxigenado em direção ao cérebro…