Exercícios físicos, controle alimentar, cessação do tabagismo, perda de peso e redução da ingestão de álcool, são mudanças nos hábitos de vida recomendadas para os pacientes com diabete melito do tipo 2.
Este tipo de diabete costuma surgir após os 35 anos de idade e apresenta uma forte relação com o acúmulo central de gordura (acima da cintura).
A Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association ou ADA) recomenda que os pacientes com diabete realizem pelo menos 150 minutos de exercícios físicos aeróbicos por semana, como caminhar ou pedalar, visando melhorar o controle da glicemia (níveis de açúcar no sangue).
Além disso, a ADA preconiza também a realização de exercícios resistidos (musculação), envolvendo os grandes grupos musculares, pelo menos 3 vezes por semana. Nessa modalidade de exercícios recomenda-se a utilização de cargas menores de peso com um maior número de repetições.
Infelizmente, muitos pacientes e médicos não acreditam que os exercícios físicos causem um impacto significativo no controle do diabete melito do tipo 2. Uma grande revisão dos diversos estudos publicados na literatura médica, indica que um programa de exercícios físicos regulares, ao longo de pelo menos oito semanas, é capaz de reduzir os níveis da hemoglobina glicada (exame que avalia o controle do diabete nos últimos meses) em cerca de 0,6%. Observa-se ainda uma redução do tecido adiposo e dos níveis de triglicerídeos.
Apesar disso, estes estudos não comprovaram que há uma redução dos níveis de complicações relacionadas ao diabete melito ou ainda, no risco de morte, pois, provavelmente, a duração destes estudos seja insuficiente para provar tais benefícios à longo prazo nesses pacientes.
Uma redução da hemoglobina glicada na ordem de 0,6% pode permitir uma estimativa dos benefícios que poderiam ser obtidos. O estudo UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Study) demonstrou que a redução de 1% dos níveis da hemoglobina glicada, com a utilização de um medicamento (a metformina nesse estudo), associava-se a uma redução de 21% no risco de morte, 14% no risco de infarto do miocárdio e 37% no risco de complicações microvasculares, como a doença renal causada pelo diabete (nefropatia diabética).
Em relação à redução do peso, os estudos sugerem que a prática regular de exercícios físicos não parece ser um fator tão importante quanto o controle alimentar, principalmente no curto prazo.
Outro achado relevante destes estudos é que boa parte dos diabéticos, com o passar do tempo, deixa de fazer os seus exercícios físicos de forma regular . Nos diabéticos que mantém este hábito, os benefícios na redução da hemoglobina glicada persistem ao longo do tempo.
Fonte: American Family Physician.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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