A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é uma doença muito comum na população brasileira, afetando cerca de 30% dos adultos e mais de 60% dos idosos. Estudos brasileiros apontam para um controle da doença em torno de apenas 25%.
A doença é caracterizada por uma elevação persistente da pressão arterial (valores acima de 140/90 mmHg, segundo a diretriz brasileira de hipertensão), sendo considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de complicações cardiovasculares.
Estas complicações cardiovasculares podem ocorrer em diversos locais do organismo. São as chamadas “lesões em orgãos-alvo” da hipertensão arterial.
A presença de níveis mais elevados de pressão arterial e a presença de outros fatores de risco cardiovascular associados, como tabagismo, dislipidemias (anormalidades do colesterol e suas frações), diabete melito e obesidade, aumentam muito o risco do desenvolvimento das “lesões em orgãos-alvo”.
Complicações da hipertensão arterial
– Coração:
A hipertrofia do ventrículo esquerdo (espessamento anormal do músculo cardíaco resultante de uma sobrecarga crônica causada pelo aumento da pressão arterial) é uma das primeiras anormalidades cardíacas decorrentes da hipertensão arterial. Embora o seu diagnóstico possa ser feito pelo eletrocardiograma, o ecocardiograma (exame que analisa as estruturas do coração por ondas de ultrassom) é mais sensível para essa finalidade.
A presença de hipertrofia ventricular esquerda em pacientes hipertensos confere um pior prognóstico, ou seja, um maior risco de outras complicações cardiovasculares, como o infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e derrame cerebral. Outras complicações cardíacas da hipertensão arterial são a angina do peito, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e os distúrbios da condução elétrica do coração.
– Cérebro:
A isquemia cerebral transitória é uma disfunção neurológica reversível, geralmente durando poucos minutos. O acidente vascular cerebral (derrame cerebral) é uma disfunção neurológica mais duradoura, podendo deixar sequelas graves. O derrame cerebral poderá ser causado por uma obstrução ou sangramento de uma artéria cerebral (acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico, respectivamente). A demência vascular é a perda progressiva das funções mentais, como a memória. Esta condição é fruto do comprometimento de pequenos vasos no cérebro, que são os derrames lacunares (microangiopatia).
– Rins:
A hipertensão arterial crônica leva a uma disfunção renal inicialmente detectada através de pequenas perdas de proteínas pela urina (microalbuminúria). Com o passar do tempo essa perda poderá tornar-se crescente (macroalbuminúria e proteinúria). Numa etapa posterior poderá surgir uma falência dos rins (insuficiência renal crônica). A hipertensão arterial e o diabete melito são a principal causa de insuficiência renal crônica no Brasil.
– Vasos:
A aterosclerose (formação de placas de gordura ou ateromas na parede das artérias) e as doenças da aorta (aterosclerose, aneurismas e dissecção aórtica aguda) estão diretamente relacionados à hipertensão arterial crônica.
– Olhos:
A hipertensão arterial acarreta um comprometimento da retina (retinopatia hipertensiva).
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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