A demência é uma complicação da hipertensão arterial crônica em idosos, e caracteriza-se pelo prejuízo das funções mentais e cognitivas, acarretando significativo prejuízo da qualidade de vida.
O tratamento da hipertensão arterial em octagenários era motivo de controvérsias, pois as evidências científicas ainda eram escassas. Um estudo chamado de HYVET (Hypertension in the Very Elderly Trial), o qual incluiu cerca de 4.000 mil octagenários, que foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu placebo, e o outro grupo recebeu um ou dois medicamentos anti-hipertensivos.
A pressão arterial sistólica inicial (pressão arterial máxima) desses pacientes era maior ou igual a 160 mmHg (até 199 mmHg). O objetivo do tratamento era reduzir a pressão arterial sistólica para níveis iguais ou inferiores a 150/80 mmHg.
No grupo de pacientes tratados houve uma redução significativa de casos de derrame cerebral (acidente vascular cerebral ou AVC), insuficiência cardíaca e morte. Esse é o primeiro grande estudo em octagenários que demonstrou de forma inequívoca os benefícios em se reduzir a pressão arterial para níveis próximos de 150/80 mmhg ou menos.
Um subanálise do estudo HYVET, voltada para avaliar o risco do desenvolvimento de demência, demonstrou indícios que o tratamento da hipertensão arterial em octagenários pode reduzir o risco dessa doença em cerca de 13%.
Embora esses achados não seja conclusivos, crescem as evidências que tratar a hipertensão arterial em octagenários, pode, além de diminuir o risco de insuficiência cardíaca ou derrame cerebral, também diminuir o risco de demência de causa vascular.
Fonte: Lancet Neurology.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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