A doença arterial coronariana caracteriza-se pela formação de placas de gordura, chamadas de ateromas, na parede das artérias do coração, sendo a principal causa da angina do peito e infarto do miocárdio.
A ocorrência da doença arterial coronariana nas mulheres vem crescendo nas últimas décadas, sendo mais frequente após a menopausa, pois a atuação do estrogênio (hormônio feminino) retarda o aparecimento da doença.
Existem evidências que as manifestações clínicas da aterosclerose possam ser diferentes entre mulheres e homens. Estatísticas norte-americanas demonstraram que 26% das mulheres morrem em um ano após um infarto do miocárdio, valor maior que os 19% observado entre os homens.
A idade mais avançada por ocasião do diagnóstico, maior número de fatores de risco cardiovascular, manifestações atípicas da doença, ação do estrogênio, e menor emprego dos tratamentos atualmente disponíveis, são hipóteses para explicar essa diferença de mortalidade entre os sexos.
Sinais e sintomas
A doença arterial coronariana nas mulheres pode manifestar-se com dor torácica ou apenas por meio de “equivalentes anginosos”, como dispneia, falta de ar, náuseas, vômitos e dor no estômago.
A dor torácica pode ser atípica, ou seja, sem as características próprias da angina de peito (dor de localização retroesternal, desencadeada pelo esforço e que alivia com o repouso). Desmaio e morte súbita podem também ocorrer.
A doença arterial coronariana aguda costuma manifestar-se mais sob a forma de infarto do miocárdio nos homens, e nas mulheres a apresentação mais comum é a angina do peito.
Mulheres são mais frequentemente acometidas pela “síndrome do coração partido”(doença de Takotsubo) do que os homens.
A síndrome X também chamada de angina microvascular, é uma doença caracterizada pela presença de sintomas típicos de angina do peito, testes de isquemia positivos (teste de esforço ou cintilografia de perfusão miocárdica alterados, por exemplo) e artérias coronárias normais ao exame de cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia ou angiotomografia coronariana. A doença costuma afetar mais as mulheres.
Diagnóstico
-Teste de esforço:
O teste ergométrico realizado em mulheres apresenta um percentual maior de casos falso-positivos, ou seja, o exame sugere a presença de isquemia coronariana (irrigação sanguínea inadequada do músculo do coração causada por uma artéria estreitada por uma placa de ateroma), a qual não é confirmada por exames de maior acurácia, como a cintilografia de perfusão miocárdica.
-Cintilografia de perfusão miocárdica:
As mamas pode causar exames falso-positivo na parede anterior do coração por atenuação mamária.
-Angiotomografia coronariana:
As artérias coronárias são menores e mais finas, dificultando a interpretação.
-Outros:
A disfunção coronariana microvascular da síndrome X pode ser avaliada através de exames como a ressonância cardíaca e o PET-CT.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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